sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Um sepultamento de muitas lições




Esse foi um final de semana extremo para nós.
TRabalhamos com 3 grupos de moradores de rua. Em um desse grupos tinhamos uma pessoa um tanto peculiar, um senhor de idade que morava a tantos anos na rua, que já havia se perdido da realidade de uma vida digna. Em todos esses nossos meses em Luanda, nunca o vi sóbrio. Estava sempre alcoolizado, trazendo uma certa confusão para nossas reuniões de adoração e ministração com os rapazes.

Foi quando numa manhã, recebi um telefonema de um dos rapazes desesperado, pois Ginga, esse senhor de quem acabei de falar, havia amanhecido morto. O que aconteceu foi, que no dia anterior, ele teve vários ataques epiléticos e desmaios causados pelo efeito de anos seguidos de cosumo de alcool. Para esses rapazes, a perda de Ginga representava a perda da unica figura paterna que tiverem por anos a fio. Estavam muito abalados.

Para nós, o mais fácil seria apenas dar os pesâmes e deixá-los se virarem com o restante, afinal de contas, para a sociedade, Ginga era só mais um mendigo, morador de rua que não fará nenhuma diferença. Mas é nessas horas que temos a oportunidade de expressarmos o amor que vai além de palavras. Para nós, ele tinha todo o valor.

Aconselhamos muito eles, pois segundo o que estavam acostumados, tinham que beber muito para expressar a dor do luto. Ficamos por 4 dias seguidos com eles, todos os dias, mostrando à luz da Palavra de DEus que a bebida os estavam levando para a morte também. Eles não bebem só por diversão , bebem porque não sabem enfrentar situações dificies, estão acostumados a sempre fugir, motivo esse que levou a muitos deles a morarem na rua. Estavamos incansáveis em ensiná-los o caminho da verdade.

No dia do sepultamento,vivemos um dos dias mais extressantes emocionalmente falando desde que chegamos. O nosso amado Pastor João estava viajando, então nos reunimos em 3, eu, Nandinho (que está sendo treinado para ser um dos lideres desse trabalho)e nosso amigo minisitro do louvor Flávio para "liderá-los". E como foi dificil essa missão.

Como é o costume aqui, os rapazes foram ao necrotério dar banho no corpo do falecido e vesti-lo. O Nandinho, me explicou que isso é comum aqui, a familia é que tem essa responsabilidade como sinal de respeito a pessoa falecida. Assim como eu fiquei surpresa com isso, ele também ficou surpreso quando disse que para nós, no Brasil a casa funerária é que faz esse trabalho. Os choques culturais podem ser um tanto assustadores, mas podem ser vividos de forma pacifica, e assim temos decido viver aqui, respeitando a cultura naquilo que for possivel.

Mas foi aí onde toda a confusão começou, até então estavam todos sóbrios, mas sairam lá de dentro, totalmente bêbados. Fomos o caminho todo no carro atrás da caminhote que carregava os meninos e o caixão. Por várias vezes tinhamos que parar, pois uns pulavam do carro, brigavam uns com os outros, provocavam as pessoas na rua. Foi uma gritaria e uma confusão que parecia não ter fim. Lembro-me bem de algumas vezes que tive de buzinar para eles dando sinal para jogarem fora os cigarros de maconha que um deles tirava de sua bolsa em forma de coquinho. E assim, DEus fez de nós um freio para eles naquela tarde. Por respeito a nós, não se excederam a isso.

Mas no meio de tanta confusão, quando estavamos estremamente bravos por eles estarem agindo daquela forma, o amor de Deus por eles falou mais alto. Pudemos sentir no trajeto até o cemitério, o amor de Deus cotagiar nossos corações e nos mostrar que estavámos ali não para julgá-los e não para exigir deles uma mudança rápida, mas para simplesmente amá-los e continuarmos ensinando o caminho da Vida. E foi quando DEus abriu nossos olhos, e pudemos ver as coisas com mais clareza, por mais que estivessem alguns deles embreagados, os que estavam sóbrios nos deram grandes lições do que uma vida transformada pode suportar por amor a Jesus. Vimos muitos deles tão firmes na decisão de seguir a Jesus e de não beber, de não aceitar provocações e de serem pacificadores. Ficamos aliados por vermos que muitos apresentaram frutos de arrependimento naquele dia. É o que nos dá esperança.

Ao chegar no cemitério, me chamou atenção dois grupos distintos que estavam enterrando seus queridos. Em um dos grupos as pessoas choravam e lamentavam gritando alto, enquanto no outro grupo dançavam. Que dança linda, eles dançavam com tanta paixão. Fiquei um bom tempo observando-os atraida por aquela dança, aquelas mulheres vestidas tipicamente com roupas africanas, dançavam com tanta verdade. Mais uma vez perguntei ao Nandinho, porque aqueles grupos estavam reagindo de forma tão diferente. A resposta me encheu de alegria e paz. Ele me disse que aquele grupo que enterrava seu querido dançando, dançavam pois eram evangélicos e aqueles que estavam ao lado lamentando (também "normal" dentro da cultura) e fazendo um verdadeiro escândalo, não. A Africa é rica em detalhes culturais. Mais uma vez, nessa terra, aprendi uma grande lição sem palavras.

No fim, na primeira vez que ministrei num funeral, foi rodeada de meninos brigões que quase colocaram o cemitério de pernas pro ar, mas não mudaria nenhum segundo do que Deus decidiu ser o melhor Dele pra mim. Aprendi muitas lições naqueles dias onde, por um milagre de DEus, resultou em muitos frutos. Agora, esses meninos nos chamam de familia, e o nosso lindo pastor João ocupa de vez a figura paterna, o referencial de pai deles.

Ainda havia mais um dos costumes a cumprir. Um grande almoço. DEpois de enterrar um ente querido a familia tem que oferecer um almoço para os convidados, isso é indispensável. As mulheres da igreja fizeram um baquete, do que eles mais gostam, peixe frito, com feijão no oléo de dendê, com batata doce e mandioca, a para ser completo, gasosas (refrigerantes).
Um dia depois, sentemos com eles para uma conversa que durou horas, o Nando ministrou eles com muito poder, viram o que fizeram, pediram perdão para nós e uns para os outros, se abraçaram, resolveram conflitos e pendencias de relacionamento uns com os outros. Foi lindo.

Um novo ciclo começa em nosso grupo, pois agora, realmente ficaram com seus corações abertos para nós, a sua nova familia.
As situações extremas nos levaram a um amor extremo que resultou em pequeninos frutos de arrependimento que poderá crescer e trazer uma mudança de vida para eles, se assim decidirem! Mesmo que apenas um se salve, tudo terá valido a pena !!!

Com amor
Adna Marques

domingo, 2 de novembro de 2008

Revolução no campo de missões





Mas não é sobre Angola que quero falar nesse post, gostaria de compartilhar com vocês sobre os missionários que aqui estão. Jesus vem por todas as nações procurando homens e mulheres que não se conformam com as coisas deste mundo, para lançá-los às nações como flechas que tem rumo certo, para atingir Seu coração por onde quer que andarem.
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Esse é o tempo de um grande despertar nessa área de missões. Deus está levando muitos missionários nesse tempo a dobrarem seus joelhos para movimentarem aos céus em intercessão a favor de uma revolução no campo de missões da Igreja. O antigo sistema tem deixado muitos missionários mortos espiritualmente, abandonados no campo. Ah, como os missionários tem sido valentes em suportar (por amor a Deus e as nações que lhes foram dadas por herança) as pressões de seus pastores que a toda hora ameaçam cortar o sustento financeiro se não for lhes apresentado o resultado imposto. Aqui em Angola, não foi apenas a guerra armada que deixou mortos, a violência de muitas lideranças para com seus missionários, também!

Por isso, a importância de todos que nos acompanham estarem orando, não apenas por nós, mas por todos os missionários que hoje estão nessa terra tão amada por Deus, e por nós. Nos tempos que estão por vir, missionário doente de alma não consegue prosseguir. É fácil nos lembrar de orar por um derramar de Deus, por um avivamento na nação Angola, mas não se esqueça que esse derramar vem através de vasos, homens e mulheres que tem suportado até o sangue e que realmente precisam de cura, de liberar perdão por todas as dores que suas denominações causaram, pela intolerância de muitos lideres, e por tantos outros motivos que não conseguiria descrever, para que sobre tudo , prevaleça o AMOR.

Agradeço a Deus pelo Corpo de nossa igreja no Brasil que nos enche de tanto amor e de tanto carinho, não temos nem como agradecer. Agradeço a Deus por minha família e amigos que são como braço forte que sempre me impulsionam para a vontade de Deus, por meu pai Pastor Mariano que me ensinou a amar tanto a África, minha mãe Elda e vovó Enedina que sustentam minha vida em oração.
Como é bom ter em nossos pastores, Bispo José Luiz e Bispa Zélia, nossos melhores amigos que acreditam em nós e nos amaram tanto a ponto de extrair o melhor que havia escondido em nossos corações. Mas nem todos tem esse privilégio, e aqui tenho visto muitos missionários sofrendo dores terríveis, dores de ressentimento, de solidão !


Que venha um novo tempos sobre o campo missionário-

OREMOS POR MISSÕES.