sábado, 13 de setembro de 2008

Motivações corretas



Lembro-me bem daqueles cultos de milagres, onde vivemos grandes manifestações de curas, numa simples garagem de um bairro da periferia de Brasília. Passávamos o dia todo indo de casa em casa, de rua em rua, convidando os enfermos para um encontro com Jesus.
Ali estávamos nós, com cadeiras improvisadas, um microfone, um violão e muita sede pela manifestação da glória de Deus.

Quem dirigia os cultos era o bispo José Luiz, recém saído de um grande ministério onde pregava para milhares, agora num novo e vivo caminho, onde os humildes, os necessitados, as viúvas e os enfermos se tornavam casa vez mais a “capa de Elias de nosso ministério, a verdadeira porção do que Ele queria de nós. Ele nos tirou dos grandes templos, do lado dos grandes ministros de Deus, para fazer de nós pedras vivas em meio aos pequeninos.

A atmosfera era intensa, a equipe de intercessão como sempre estava tão bem posicionada, não para ficar no cantinho com as mãos erguidas aos céus, mas para estar no meio do povo, com os braços estendidos como a extensão do abraço de Jesus. Em cada vida, derramávamos amor , crendo que essa seria a maior intercessão para cobrir aqueles cultos.

Todos nós vibrávamos quando alguém era curado, mas uma senhora de cadeira de rodas foi a grande marca de Deus em meu coração quando o assunto é cura.

Essa senhora de quem falo, tinha um grave nível de diabetes, já havia perdido os sentidos das pernas há três anos, tempo esse que jamais movimentou sequer um dedo dos pés, completamente inerte.

Qual o adorador de Deus que não sonha em orar por um paralítico e esse sair dançando glorificando o poderoso nome do Deus curador, Jeová Rafá? Mas na maioria das vezes idealizamos a forma de Deus ajir, no meu caso, eu imaginava em meu coração desfocado dos verdadeiros princípios divinos, que manifestações como essa combinam com palcos, holofortes e olhares, afinal, que todos vejam o que Deus pode fazer. Foi nesse dia que aprendi como Deus prioriza a motivação dos corações de Seus ungidos, ali no meio da simplicidade.

Nos aproximamos dela, eu, o pastor Joacir que a essa altura já havia largado seu violão e o Jeferson, baterista de nossa igreja que sempre estava dando suporte. O culto tinha de continuar sem nós, porque estávamos crendo que aquela senhora com um semblante tão duro e sofrido, sairia de lá andando. Oramos intensamente por ela, o fogo do olhar de Deus era sentido em nossos corpos, ELE estava lá. Ao longo do tempo, esse fogo foi se fazendo sentir, nela também. Não parávamos de orar, quando de repente , nunca vou me esquecer daquele olhar, ela levantou a cabeça e pela primeira vez nos olhou nos olhos e sorriu. Sorriu porque estava sentindo fogo em suas pernas. Seus dedos, começaram a se movimentar, a emoção daquela irmã até hoje me emociona, depois de três anos sem nenhum movimento, ela podia começar a experimentar o que os movimentos do Todo Poderoso pode causar no corpo do homem. Antes que o culto terminasse aquela linda senhora, já sorria de pé. Aleluia!

E foi nessa atitude dela levantar daquela cadeira de rodas, que me trouxe o maior de todos os ensinamentos que Deus poderia ter me dado para servir de base para o amadurecimento sadio da minha vida ministerial.

Quando ela se levantou, eu fiquei muito emocionada, eu chorava dizendo “finalmente a minha promessa de viver pessoas de cadeira de rodas curadas se cumpriu.” Imediatamente o temor do Senhor veio sobre mim, imediatamente toda euforia deu lugar a voz severa de Deus em meu Espírito “você nunca pode se alegrar na cura de alguém pensando em você, ali existe uma pessoa que sofre, a verdadeira motivação seria você se alegrar porque alguém que sofre recebeu alivio das dores. A sua alegria deve ser pela pessoa, e nunca por você, porque sem a motivação correta, o ministério de cura se torna invisível para mim e se perde da verdadeira essência do amor”.

Nossa, como essas palavras ainda latejam em meu coração. Quatro anos se passaram desde esse fato, hoje posso alimentar o ministério que Deus nos está dando de visitas e evangelismo em hospitais para crianças e para adultos, tendo sempre como foco, as verdadeiras motivações. Como eu gostaria de ter dado um abraço bem amoroso naquela senhora, como eu gostaria de poder tê-la amado mais. Que fique essa lição para nós, que sempre olhemos para as pessoas como pessoas de valor para Deus, e não como objetos que usamos para suprir nossas necessidades de nos sentirmos “usados” e bem sucedidos em nossos ministérios.

Sem comentários: